Com a eleição presidencial polonesa marcada para 18 de maio de 2025, cresce o interesse na Europa sobre os rumos que a Polônia poderá tomar. Os principais candidatos já se destacam nas pesquisas e apresentam propostas que refletem não só prioridades internas, mas também visões distintas sobre a guerra na Ucrânia e o futuro da relação com a União Europeia. Abaixo, apresentamos um panorama geral das plataformas políticas e, com destaque, suas posições quanto ao apoio à Ucrânia e ao euroceticismo.
As eleições presidenciais na Polônia estão marcadas para o dia 18 de maio de 2025, com um possível segundo turno em 1º de junho. As pesquisas mais recentes indicam que nenhum candidato deve vencer no primeiro turno, apontando para uma disputa acirrada entre os principais concorrentes.
📊 Intenções de voto – Primeiro turno
De acordo com a pesquisa realizada pelo instituto Pollster nos dias 7 e 8 de maio de 2025, os resultados são os seguintes:
- Rafał Trzaskowski (Coalizão Cívica – KO): 32,3%
- Karol Nawrocki (Lei e Justiça – PiS): 22,7%
- Sławomir Mentzen (Confederação): 13,6%
- Szymon Hołownia (Polônia 2050): 7,5%
- Magdalena Biejat (Nova Esquerda): 6,1%
- Adrian Zandberg (Razem): 3,7%
- Outros candidatos: cerca de 5% no total
- Indecisos: aproximadamente 10% (Reuters)
Esses números refletem uma liderança de Trzaskowski, com Nawrocki e Mentzen disputando o segundo lugar. A pesquisa também indica que cerca de 52% dos eleitores acreditam que o escândalo envolvendo Nawrocki pode influenciar o resultado da eleição.
🔄 Projeção para o segundo turno
Em um cenário de segundo turno entre Trzaskowski e Nawrocki, a pesquisa aponta:
- Rafał Trzaskowski: 53,8%
- Karol Nawrocki: 40,1%
- Indecisos: 6,1%AP News+2AP News+2Reuters+2
Isso sugere uma vantagem significativa para Trzaskowski em uma possível segunda rodada.
Com a eleição se aproximando, as intenções de voto podem ainda sofrer alterações, especialmente diante de eventos recentes e debates públicos. É importante que os eleitores estejam atentos às propostas e posicionamentos dos candidatos para tomar uma decisão informada.

Rafał Trzaskowski (Coalizão Cívica – KO)
Visão Geral:
Atual prefeito de Varsóvia, é o principal nome da oposição liberal e pró-europeia. Já disputou a presidência em 2020, chegando ao segundo turno. Defende políticas sociais equilibradas, foco em inovação e um papel ativo da Polônia na cena europeia.
🧑⚖️ Justiça e Estado de Direito
- Compromete-se a restaurar a independência do judiciário, revertendo reformas implementadas pelo governo anterior.
⚖️ Direitos Sociais
- Promete liberalizar as leis de aborto, atualmente entre as mais restritivas da Europa.
- Defende os direitos LGBTQ+, embora tenha adotado uma postura mais centrista recentemente para atrair eleitores conservadores.
🌍 Política Externa e União Europeia
- Advoga por uma maior integração com a União Europeia, incluindo discussões sobre a adoção do euro.
- Mantém apoio à Ucrânia, mas propõe condicionar benefícios sociais a refugiados que contribuam com impostos na Polônia.
💼 Economia e Inovação
- Apoia a digitalização e a desburocratização da economia, alinhando-se com iniciativas do governo para modernizar o setor público.
Apoio à Ucrânia:
Trzaskowski tem apoiado firmemente a Ucrânia desde o início da invasão russa. Recentemente, porém, propôs condicionar certos benefícios sociais (como o programa “800+”) a refugiados ucranianos que trabalham e contribuem com impostos na Polônia, buscando equilibrar solidariedade internacional com justiça fiscal interna.
União Europeia:
É um forte defensor da integração europeia. Se eleito, Trzaskowski deve fortalecer os laços com Bruxelas, apoiar o Estado de Direito e rejeitar o euroceticismo.
Karol Nawrocki (apoiado pelo Lei e Justiça – PiS)
Visão Geral:
Historiador e atual presidente do Instituto da Memória Nacional, representa a ala conservadora e patriótica do cenário político. É conhecido por seu foco em valores nacionais e memória histórica.
🛡️ Segurança e Soberania
- Adota uma postura firme contra a Rússia, criticando a política externa de Moscou e expressando ceticismo em relação à Ucrânia.
- É contrário à adesão da Ucrânia à OTAN e à União Europeia até que reconheça crimes históricos contra poloneses.
🏥 Políticas Sociais
- Propõe legislação que priorize cidadãos poloneses no acesso a serviços públicos, como saúde e educação.
- Defende a manutenção de benefícios sociais existentes, como o programa 800+, mas com foco em cidadãos poloneses.
💶 Economia e Desenvolvimento
- Apoia grandes projetos de infraestrutura, como o Porto Central de Comunicação.
- Propõe impostos adicionais sobre grandes empresas digitais e expansão da habitação social.
- É contrário à adoção do euro, defendendo a soberania econômica da Polônia.
🌱 Meio Ambiente
- Critica o Pacto Ecológico Europeu, argumentando que políticas ambientais não devem prejudicar trabalhadores e empresas polonesas.
Apoio à Ucrânia:
Adota uma postura mais crítica. Defende que a Polônia condicione o apoio à Ucrânia a reconhecimentos históricos sobre crimes cometidos contra poloneses. Também critica a falta de reciprocidade por parte de Kyiv.
União Europeia:
Embora não defenda a saída da UE, é contrário à federalização e à adoção do euro. Quer preservar a soberania nacional e limitar interferências de Bruxelas em políticas internas.
Sławomir Mentzen (Confederação)
Visão Geral:
Economista e empresário, é líder do partido Nova Esperança, parte da coalizão Confederação. Representa uma direita ultraliberal em economia e nacionalista em valores sociais.
Apoio à Ucrânia:
É crítico das sanções contra a Rússia, alegando que prejudicaram mais a economia polonesa do que a russa. Rejeita o envio de tropas e assistência financeira ampliada. Prioriza os interesses poloneses.
União Europeia:
Extremamente eurocético. Já defendeu no passado a saída da Polônia da UE, embora atualmente adote um discurso mais moderado. É contra o euro, contra o Pacto Ecológico Europeu e defende uma aliança de países “soberanos”.
Romuald Starosielec (Movimento Reparar a Polônia)
Visão Geral:
Líder de um movimento nacionalista e estatista, defende maior controle estatal da economia e uma reorientação da política externa.
Apoio à Ucrânia:
Propõe o fim imediato de toda ajuda militar e econômica à Ucrânia, defendendo uma posição de neutralidade e o restabelecimento de relações com a Rússia.
União Europeia:
Defende a retirada da Polônia de pactos europeus recentes, como o pacto migratório, e prioriza uma política externa independente. É contrário à maioria das políticas da UE.
Pautas da Diversidade
A Polônia ainda não reconhece oficialmente o casamento entre pessoas do mesmo sexo nem a união estável, seja entre poloneses ou entre casais binacionais, mesmo que essa união seja reconhecida em outros países da União Europeia.
Situação atual na Polônia:
- Casamento gay: não é permitido nem reconhecido.
- União estável (incluindo heterossexual): não possui status jurídico claro ou proteção legal.
- Casais binacionais (ex. brasileiro-polaco): mesmo com casamento ou união estável registrados em outro país da UE, não conseguem transcrever ou registrar esse status na Polônia.
- A jurisprudência polaca se apoia no art. 18 da Constituição, que define o casamento como “união entre um homem e uma mulher”.
Posição dos candidatos (maio de 2025):
Rafał Trzaskowski (Coalizão Cívica – KO)
- Já expressou publicamente apoio a direitos LGBTQ+, inclusive participou de Paradas do Orgulho.
- No entanto, não defende explicitamente o casamento entre pessoas do mesmo sexo, mas sim parcerias civis como etapa intermediária.
- Em 2020, durante sua candidatura anterior, prometeu lutar pela legalização das uniões civis, mas evitou apoiar o casamento igualitário para não polarizar o eleitorado mais conservador.
Karol Nawrocki (apoiado pelo PiS)
- Representa uma postura claramente conservadora e tradicionalista.
- É contrário a qualquer forma de reconhecimento legal de casais do mesmo sexo.
- Defende os valores familiares tradicionais e vê a política de gênero como ameaça à “identidade nacional”.
Portanto:
- Atualmente, nenhum dos candidatos mais bem colocados propõe diretamente o reconhecimento do casamento gay.
- Trzaskowski representa o único caminho político plausível, no curto prazo, para ao menos avanços nas uniões civis, mas enfrenta resistência cultural e institucional.
- Casais como o que você mencionou, mesmo com direitos garantidos em países como Alemanha, Holanda ou Portugal, enfrentam um bloqueio legal quando tentam fazer valer esses direitos na Polônia.
Adesão ao Euro €
Rafał Trzaskowski, candidato da Coalizão Cívica (KO) e atual prefeito de Varsóvia, propõe iniciar um plano de longo prazo para a adoção do euro na Polônia. Essa proposta visa alinhar o país mais estreitamente com a União Europeia e reforçar sua integração no bloco.
Embora a adoção do euro não seja uma prioridade imediata, Trzaskowski destaca a importância de colocar essa questão na agenda nacional, sinalizando um compromisso com a convergência europeia. Essa posição contrasta com a de seus principais adversários, como Karol Nawrocki (apoiado pelo partido Lei e Justiça – PiS), que se opõe firmemente à adoção da moeda única, e Sławomir Mentzen (Confederação), que é abertamente eurocético.
A proposta de Trzaskowski reflete uma visão de futuro em que a Polônia desempenha um papel ativo e central na União Europeia, fortalecendo laços econômicos e políticos com os demais membros do bloco.
Como é a Eleição
Na Polônia, o processo eleitoral é feito de forma predominantemente manual e em papel, tanto dentro do país quanto no exterior. Aqui está como se dá, materialmente, a eleição presidencial:
1. Cédula de Votação (Karta do głosowania)

- Cada eleitor recebe uma cédula de papel com os nomes dos candidatos e seus respectivos partidos.
- A cédula contém um quadrado ao lado de cada nome, onde o eleitor deve marcar um “X” com caneta ou lápis.
- Só é permitido um único X; mais de um ou nenhuma marca torna o voto inválido.
2. Urna
- As cédulas preenchidas são depositadas em urnas transparentes de acrílico, lacradas e vigiadas.
- Nas seções fora da Polônia (como Hamburgo), urnas similares são usadas sob responsabilidade das comissões eleitorais consulares.
3. Identificação do Eleitor
- No dia da votação, o eleitor apresenta um documento de identidade polonês válido (passaporte ou dowód osobisty).
- O nome do eleitor é conferido em uma lista impressa (registro de eleitores).
- Ele assina ao lado de seu nome antes de receber a cédula.
4. Apuração
- A apuração é feita manualmente, imediatamente após o encerramento da votação.
- As comissões locais contam os votos, preenchem atas e transmitem os resultados ao centro nacional de apuração.
- Os votos no exterior são enviados digitalmente (por sistema seguro) ou fisicamente, dependendo das regras do país anfitrião.
5. Sem urna eletrônica nem mídia digital
- Não há urnas eletrônicas ou votação digital como no Brasil.
- Todo o processo se baseia em papel, fiscalização presencial e atas manuais.
Conclusão Geral:
A eleição presidencial de 2025 na Polônia será decisiva para o papel do país na Europa e no conflito da Ucrânia. Enquanto candidatos como Trzaskowski representam uma continuidade pró-europeia e de apoio à resistência ucraniana, outros como Nawrocki e Mentzen propõem uma postura mais reservada ou crítica, tanto em relação à Ucrânia quanto à União Europeia.
Para os cidadãos poloneses no exterior, o voto será presencial, em seções eleitorais organizadas pelos consulados. A data do primeiro turno é 18 de maio. O futuro da Polônia, e talvez da própria Europa, estará em jogo.